O aquecimento global, uma das mais preocupantes alterações climáticas, tem sido associado a diversas modificações na fisiologia e distribuição de espécies. No árctico, o aumento da temperatura média anual duas a três vezes superior ao resto do globo e provoca ainda a perda de gelo, importante habitat para o urso polar (Ursus maritimus).
Na zona Este da Gronelândia, o urso polar alimenta-se predominante de focas, maioritariamente a foca anelar (Phoca hispida), mas também a foca-da-Gronelândia (Pagophilus groenlandicus) e a foca-de-capuz (Cystophora Cristata). Apesar da foca anelar continuar a ser a principal presa, a dieta do urso polar sofreu alterações recentemente: a diminuição da extenção do gelo àrctico tornou a foca-de-capuz mais acessível ao urso polar. O aumento da proporção desta foca na dieta do urso polar tem como consequência o aumento de contaminantes orgânicos persistentes [1] nesta espécie, uma vez que a foca-de-capuz tem níveis de contaminantes mais elevados que a foca anelar. Esta mudança na dieta pode ter implicações na sua saúde e desenvolvimento do urso polar.
[1] Contaminantes Orgânicos Persistentes: químicos sintéticos utilizados maioritariamente, no controle de pragas na agricultura e também em processos industriais. Estes têm porém efeitos tóxicos no
ambiente e na saúde.
Fonte:
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Mckinney M a., Iverson SJ, Fisk AT, Sonne C, Rigét FF, Letcher RJ, et al. Global change effects on the long-term feeding ecology and contaminant exposures of East Greenland polar bears. Glob Chang Biol. 2013;19: 2360–2372. doi: 10.1111/gcb.12241
Autora: Sara Pedro