As alterações climáticas levam ao movimento de espécies marinhas em direção aos polos. O Ártico é mais sensível a estas mudanças devido ao degelo e ao aumento de temperatura duas vezes mais rápido que a média global. Muitos cientistas têm definido borealização do Ártico, ou domínio boreal, como sendo esta transição de ecossistemas Árticos para ecossistemas boreais em termos de condições ambientais e abundância e diversidade de espécies.
A Nature publicou recentemente um estudo que ilustra estas mudanças numa comunidade de peixes no mar de Barents. De 2004 a 2012, a temperatura do mar de Barents aumentou, a área onde águas boreais e Árticas se misturam expandiu se e a extensão de gelo diminuiu, levando à redistribuição de peixes na direção Noroeste (como mostra na figura). A comunidade Ártica [1], normalmente localizada em águas mais frias com maiores quantidades de gelo, retraiu se 159 km para a área mais a Norte da região. Ao mesmo tempo, a sub-comunidade Atlântica de superfície, localizada em águas mais quentes, moveu se 141 km para Noroeste. A maioria das espécies Atlânticas aumentou a sua abundância, enquanto que o oposto se verificou para espécies Árticas.
Estes movimentos estão a acontecer a um rápido ritmo, especialmente comparado com a média global estimada a 40 km por década. O aumento da predação e competição para espécies do Ártico, adicionado à perda de habitat e alimento disponível, possivelmente levou à observada redução em abundância de espécies Árticas. A longo termo, mudanças na composição das comunidades de peixes podem ter efeitos na função e vulnerabilidade dos ecossistemas.
[1] Comunidade Ártica dominada por Triglops nybelini, alabote-da-Gronelândia (Reinhardtius hippoglossoides) e peixe-caracol (Liparis spp.) e sub-comunidade Atlântica de superfície dominada por solha-americana (Hippoglossoides platessoides), bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua) e arinca (Melanogrammus aeglefinus).
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Fontes: Fossheim M, Primicerio R, Johannesen E, et al (2015) Recent warming leads to a rapid borealization of fish communities in the Arctic. Nature 5:673–678. doi: 10.1038/NCLIMATE2647
Autora: Sara Pedro