Peixes-lanterna: um importante ponto de luz na cadeias tróficas polares

Atualizado: 6 de mar. de 2019

O conhecimento da biologia, ecologia e dinâmica populacional de espécies marinhas é fundamental para compreender o funcionamento dos ecossistemas. As cadeias tróficas do Oceano Antárctico são altamente dinâmicas devido à forte variabilidade na estrutura espacial e temporal, e são principalmente sustentadas pelo krill, um elemento chave na alimentação de peixes, pinguins e baleias. Esta variabilidade é também importante nas interacções estabelecidas entre diferentes espécies, principalmente devido à migração de predadores durante o Inverno e, por consequência, conduz a uma redução na procura energética por parte de elementos de níveis tróficos superiores.

Os mictofídeos estão entre o grupo de peixes mais diversos e numerosos em todos os oceanos. Estes peixes realizam extensas migrações verticais diárias e a existência de órgãos luminescentes, os fotóforos, tornam este grupo de animais único. A presença de fotóforos nos mictofídeos desempenha uma função ecológica importante nas migrações verticais que efectuam, tanto na procura de alimento como na comunicação intraspecifica. Frequentemente apelidados de peixes-lanterna, os mictofídeos assumem um papel essencial na dinâmica das interacções tróficas dos ambientes que habitam.

Exemplos de mictofídeos

Os mictofídeos são consumidores de segunda ordem, ocupando o terceiro nível dos sistemas tróficos. Devido à sua elevada biomassa, os mictofídeos têm um grande impacto no consumo de zooplâncton, bem como no suporte à produção (aumento de biomassa) dos predadores de topo. Assim, os mictofídeos estabelecem ainda um importante elo de ligação entre os consumidores primários e os predadores de topo, contribuindo também para o transporte de matéria orgânica entre a superfície e o oceano profundo.

Os efeitos das alterações climáticas refletem-se nas interacções entre as diferentes espécies que habitam a região. O degelo da Península Antárctica afecta as populações de zooplâncton através de alterações na composição de fitoplâncton, o que pode ter profundas implicações na estrutura trófica do Oceano Antárctico. O estudo das espécies mesopelágicas, particularmente os mictofídeos, é assim

extremamente importante devido à sua relevância ecológica, de forma a conceber novas perspectivas para a conservação de uma região tão vulnerável como o Oceano Antárctico.

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Fontes:

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Autor: Rui Pedro Vieira

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