Uso de Aves Marinhas para descobrir a distribuição de Cefalópodes

Alguns grupos de animais oceânicos, como os cefalópodes, são altamente esquivos às redes cientificas. Ocorrendo grandes áreas como o Oceano Austral, a tarefa de descobrir os locais onde estes animais habitam torna-se uma difícil tarefa. No entanto, melhor que os cientistas a apanhar estes animais, os seus predadores são exímios em apanhá-los. Com uma grande importância no ecossistema Antártico é prioritário que aumentemos o conhecimento da sua ecologia. Para isso, e aproveitando os predadores como amostradores, várias técnicas têm sido utilizadas para este objectivo.

Colocando diversos aparelhos em albatrozes viajeiros Diomedea exulans, GPS e Medidores de temperatura no estômago, e relacionando com o conteúdo estomacal no fim de cada viagem, foi possível descrever a posição de diversas espécies de lulas na região da Geórgia do Sul.

Albatroz viajeiro adulto e sua cria.
GPS (esquerda) e Medidor de Temperatura Estomacal (direita).

A distribuição das lulas foi descrita em relação à sua posição relativamente às frentes oceânicas [1] mostrando que o este método é fiável e que poderá ser usado para aumentarmos o conhecimento deste grupo ecologicamente importante no Oceano Austral. Também, e devido aos resultados obtidos nos medidores de temperatura estomacal foi possível determinar o tamanho do individuo, tornando ainda o método bastante útil, quer para cefalópodes mas para outros animais, como por exemplo os peixes.

Distribuição das lulas no Oceano. As linhas coloridas grossas representam as frentes oceânicas, verde: Frente Subtropical, vermelho: Frente Subantárctica, branco: Frente Polar Antártica. Linhas brancas finas representam as viagens dos albatrozes.
Gráfico obtido dos medidores de temperatura estomacal.

[1] Frentes oceânicas – zonas do oceano que dividem zonas de águas com caraterísticas diferentes, como por ex. a temperatura.

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Fontes: Pereira JM, Paiva VH & Xavier JC (2017) Using seabirds to map the distribution of elusive pelagic cephalopod species, Marine Ecology Progress Series, 567: 257-262. doi: 10.3354/meps12020

Autor: José Queirós

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