Ascendência do cão de trenó no Ártico

Atualizado: 6 de mar. de 2019

Nos últimos 15 000 anos, humanos e cães têm viajado, caçado e vivido juntos. Cães foram trazidos desde regiões asiáticas para a América do Norte pelos primeiros colonizadores. Muito mais tarde, quando europeus colonizaram as Américas, cães domésticos europeus cruzaram-se com cães indígenas, o que levou à mistura do código genético. Mas estarão os cães modernos tão misturados que já não há vestígio da herança indígena? Em regiões mais remotas da América do Norte como o Ártico, este não é o caso.

No Ártico, o cão tem sido um companheiro com a importante tarefa de transportar os Inuit sobre a neve e o gelo. O cão de trenó – ou qimmiq na língua local Inuktitut – ainda são uma componente importante da cultura Inuit, sendo também o símbolo do único território nórdico totalmente governado por Inuit, Nunavut.

Investigadores dos Estados Unidos compararam DNA mitocondrial de cães modernos com vestígios de cães encontrados em escavações arqueológicas no Alasca Ártico e Gronelândia. Quando comparados com informação a nível global dos haplótipos [1] mais comuns em cães domésticos, os investigadores descobriram que o haplótipo A31, apenas observado em cães do Ártico, está presente no cão moderno e nos vestígios arqueológicos do cão indígena na Gronelândia, e em alguns cães modernos do Alasca. Este haplótipo, em conjunto com outros haplótipos únicos, mas menos frequentes, indica uma ascendência matrilinear indígena nos cães nórdicos modernos, provavelmente pouco ou nada modificada nos últimos 700 anos!

Localização das escavações arqueológicas no Alasca (Cape Espenberg) e na Gronelândia (Qaqaitsut and Etah), indicados pelas setas.

Este tipo de informação pode ser usado para seguir o rastro de rotas de migração humana no tempo e no espaço, uma vez que humanos e cães viajavam juntos. Tal como na Gronelândia, o DNA de cães em regiões como o este asiático, partes de África, ilhas do sudoeste asiático Austrália e meio oriente, ainda preserva informação relativa a migrações do Neolítico.

[1] Haplótipos – gama de variações de DNA que são normalmente transmitidos em conjunto

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Fontes: Brown SK, Darwent CM, Sacks BN (2013) Ancient DNA evidence for genetic continuity in arctic dogs. J Archaeol Sci 40:1279–1288. doi: 10.1016/j.jas.2012.09.010.

Autor: Sara Pedro

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