O Oceano Ártico, também identificado como o mediterrâneo do Norte, revela o paradoxo bem como semelhanças das duas regiões para alguns autores, conforme desenvolvido neste artigo.
O Ártico faz parte do imaginário, social/coletivo e individual. Esta região gélida tem características únicas que criaram um local inóspito, de difícil acesso, remoto, mas onde vivem comunidades indígenas. O imaginário desta região começou a ser criado com a chegada do navegador grego Pytheas, guiado pela Usa Maior “Arktos”, provocando ao longo dos séculos, mas em especial no século XIX, o desejo das potências europeias em chegar a este lugar inóspito.
O conceito “Polar Mediterranean” foi introduzido por Vilhjalmur Stefansson, no ano de 1920, por considerar que o oceano Ártico poderia ser visto como um mar Mediterrâneo. Valeu-lhe o nome de “Profeta do Norte”. Esta visão, para alguns paradoxal, demonstra uma perspetiva futurista de Vilhjalmur Stefansson sobre as potencialidades do Oceano Ártico. O futuro profético confirma o que os cientistas têm vindo a proclamar: a possibilidade de novas rotas marítimas e acesso a recursos. No que respeita às rotas marítimas, nos séculos XVI e XVII, acreditava-se que seria possível viajar da China até ao Atlântico Norte. E esta ideia confirma-se no século XXI.
As mudanças provocadas pelas alterações climáticas, alteraram o imaginário coletivo e individual do Ártico, permitindo uma maior abertura ao exterior e um novo foco no século XXI. Foco este que se verificou em diferentes momentos da história mundial, nomeadamente durante o século XX com a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, por ser um local geoestratégico de acesso e segurança. Deste modo,após o fim da Guerra Fria, desenvolveu-se um sentido de cooperação na região, por interesse comum dos estados Árticos. Com a adaptabilidade das comunidades às mudanças derivadas do degelo, uma semelhança entre o oceano Ártico e o mar Mediterrâneo pode ser apontada: a aproximação e conexão das comunidades numa maior interação com o mundo global. O Ártico deixa de ser periférico.
Referência: Villalobos Dantas, S. (2024). The Polar Mediterranean Imaginary. A Renewed Paradigm by Vilhjalmur Stefansson. Nordicum-Mediterraneum. Icelandic E-Journal of Nordicum and Mediterranean Studies.
https://nome.unak.is/wordpress/author/santi
Autora: Céline Rodrigues