Sabias que as paisagens do Ártico e Subártico estão repletas de lagos e lagoas que desempenham um papel fundamental no equilíbrio do planeta? Estes corpos de água ajudam a regular o clima, sustentam a biodiversidade, e influenciam as emissões de gases com efeito de estufa. São como sensores naturais, que demonstram como a degradação do permafrost está a transformar a paisagem!
Como falámos em novembro, uma equipa de investigadores desenvolveu uma ferramenta revolucionária chamada HLWATER V1.0, que consegue identificar automaticamente estes lagos. O estudo concentrou-se na região de Nunavik, no Subártico Canadiano, conhecida pelas suas paisagens impressionantes que misturam tundra, floresta boreal e uma grande diversidade de corpos de água, desde lagos glaciais a lagoas em turfeiras!
Mas e agora, que novidades trazem? Ora, identificar estes lagos não chega. É necessário estudá-los e compreender quais as suas características e padrões espaciais, e foi exatamente isto a que a equipa se dedicou neste novo artigo científico! Desta vez, o foco foi em 3 parâmetros dos lagos: limnicidade (dimensão) limnodensidade (quantidade) e limnodiversidade (diversidade ótica/ cores, um importante indicador da sua composição química).
E quais foram os resultados? Dos mais de 335 mil lagos desta região, 90% têm menos de 0.01km2 (ou seja, são minúsculos!!). Os lagos de maior dimensão localizam-se em depressões glaciais em setores de afloramentos rochosos. A maior limnodiversidade verifica-se nas vertentes dos vales, onde predominam depósitos silto-argilosos, e onde a degradação do permafrost é mais intensa. Para além disso, aqui é onde ocorre uma maior limnodiversidade, com lagos pretos e castanhos, ricos em matéria orgânica, e lagos castanho-claros ou brancos, onde predominam sedimentos de origem mineral.
Apesar de cobrirem apenas 2 a 7% da região, estas paisagens contêm mais de 1/3 de todos os corpos de água da região! E qual é a importância destes dados? Lamentavelmente, estes lagos não são apenas bonitos: eles libertam gases com efeito de estufa, influenciam o clima e afetam todo o planeta!
Agora que conseguimos mapear e analisar estes lagos com mais precisão, será que podemos prever como irão mudar no futuro? A ciência continua a investigar!
Fonte: Freitas, P., Vieira, G., Martins, D., Canário, J., Pina, P., Heim, B., … Vincent, W. F. (2024). Diversity of lakes and ponds in the forest-tundra ecozone: from limnicity to limnodiversity. GIScience & Remote Sensing, 61(1).
Autora: Diana Martins